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Quando o daemon te toca…

  • Foto do escritor: Aurora Oliveira
    Aurora Oliveira
  • 14 de abr.
  • 2 min de leitura

Nem todo magista vê os daemons. E isso não o torna menos magista, nem menos capaz. Existe uma romantização exagerada sobre como se dão as manifestações espirituais — como se ver com os olhos físicos ou ouvir com os ouvidos fosse a única forma válida de comprovar a presença de uma entidade. Mas a verdade é que a magia não opera sob as regras da matéria ordinária. Ela é mais sutil, mais silenciosa, mais visceral.


Muitos que contam experiências grandiosas — visões de anjos flamejantes, aparições demoníacas dignas de cinema, vozes que ecoam no ar como trovões — mentem. Ou fantasiam, interpretam suas expectativas como realidades objetivas. E está tudo bem, porque o ego humano tem fome de validação. Mas há também os que falam a verdade. Os que realmente cruzaram o véu, que sentiram o mundo tremer à presença de algo maior, mais antigo, mais real do que tudo que se vê com os olhos abertos. Esses não precisam convencer ninguém. Carregam no olhar o peso do que viveram.


Mas é aqui que vem o chamado: não limite sua experiência a ver ou ouvir. Não se frustre se os seus olhos permanecem fechados, se seus ouvidos não captam vozes. Porque a verdadeira magia não se prova — ela se sente. Ela se funde a você como fogo à madeira, como névoa à floresta. Quando você entra em rito, não é só você que se apresenta ao espírito. Ele também se funde em você. Seu corpo se torna altar. Sua respiração é a invocação. Seu coração, tambor. Sua vontade, lâmina.

A magia acontece no campo onde o mundo físico e o mundo invisível se tocam — e esse campo é você. Sua pele, seu sangue, seus pensamentos, seus sonhos. É no arrepio que surge sem explicação, na vertigem sutil que toma conta quando a presença se aproxima, no tempo que parece parar, no mundo que parece suspenso.

Há magos que veem com os olhos da carne. Outros, com os olhos da alma. Mas os mais profundos são aqueles que sentem com o corpo inteiro, com a memória ancestral, com a essência que vibra além das palavras.

Você é a magia. Você é o rito. Você é o santuário e o sacrifício. Quando você se entrega por inteiro, não há separação entre você e o daemon. Há fusão. Há verdade. E é nesse espaço sagrado que tudo acontece.



 
 

O que seria do mago se não queimasse os próprios dedos?

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