Lucifuge Rofocale - Análise 1
- Aurora Oliveira
- há 1 dia
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Atualizado: há 7 horas
Lucifuge Rofocale é uma figura central em alguns grimórios demonológicos, especialmente no Grimorium Verum, um texto atribuído ao século XVIII, mas com influências anteriores. É descrito como o “primeiro-ministro” de Lúcifer e considerado um dos demônios mais poderosos do inferno. Seu nome é frequentemente relacionado à ideia de “fugir da luz” (lux fugere, em latim), simbolizando o afastamento da iluminação espiritual e o mergulho nas sombras do conhecimento oculto.
No Grimorium Verum, Lucifuge Rofocale é responsável por conceder riquezas materiais, poderes mundanos e conhecimento secreto, mas exige em troca obediência, disciplina e compromisso com o praticante. Ele é chamado de “tesoureiro do inferno” porque controla as riquezas ocultas da Terra tanto literais quanto simbólicas.
Além disso, Lucifuge aparece como o representante do aspecto nocturno de Lúcifer, representando o equilíbrio entre luz e trevas, e frequentemente é chamado em pactos para assuntos de prosperidade e poder terreno. Sua evocação é considerada perigosa para iniciantes, já que exige domínio sobre a própria vontade e maturidade espiritual para lidar com as consequências de lidar com forças tão poderosas.
Entre os ocultistas modernos, Lucifuge Rofocale continua a ser uma figura estudada por seu papel como intermediário entre o praticante e o mundo infernal, além de guardião de segredos esotéricos ligados à riqueza, disciplina e poder pessoal.
Lucifuge Rofocale é um de seis espíritos inferiores sob as ordens dos três Superiores:
Lúcifer, Beelzebuth, e Astaroth
Estes são os seis espíritos inferiores:
Lucifuge, Primeiro Ministro
Satanachia, Grande General
Agaliarept, General
Fleurèty, Tenente General
Sargatanas, Brigadeiro
Nebiros, Marechal de Campo
O primeiro é o grande LUCIFUGE ROFOCALE, Primeiro Ministro infernal, que detém o controle, com que Lúcifer o investiu, sobre toda a riqueza e todos os tesouros do mundo.
Os seus subordinados são Baal, Agares e Marbas, assim como milhares de
outros demónios ou espíritos que são seus subordinados.
A leitura do Grimório O Verdadeiro Dragão Vermelho, também conhecido como Grand Grimoire, revela que este é o clássico demónio dos pactos, o espírito com quem um pacto pode ser feito para obter poder ou dinheiro, embora, no entanto, ele possa exigir sua alma após vinte ou cinquenta anos.
Aquela tríade infernal de Lúcifer, Beelzebuth e Astaroth parece derivar de um tratado anterior ao Grand Grimoire em alguns séculos: o Hygromanteia ou Tratado Mágico de Salomão, no qual os quatro espíritos guardiães dos pontos cardeais são:
Loutzipher (Leste), Beelzeboul (Sul), Astaroth (Oeste) e Asmodai (Norte).
Apenas Asmodai ou Asmodeus – não faz parte da
tríade superior.
Outros documentos, como a Clavicula Salomonis De Secretis, referem Lúcifer, Belzebut e Elestor.
O mago inteligente pode, no entanto, estabelecer um pacto que favoreça tanto ele próprio como o Espírito.
As instruções dadas no Grand Grimoire – ou qualquer outro Grimório são por vezes intencionalmente confusas ou enganadoras, enquanto noutros casos escondem pistas à vista de todos.
O nome Lucifuge Rofocale é particularmente curioso para um espírito associado às riquezas e tesouros ocultos. A etimologia de “Lucifuge” provém do latim lux fugere (fugir da luz), que indica um afastamento da iluminação espiritual. Isso é consistente com sua função nos grimórios: oferecer poder mundano e autoglorificação através de pactos infernais que, em última análise, podem conduzir à perdição espiritual. No Grand Grimoire, Lucifuge é retratado como uma entidade tentadora, oferecendo riquezas e poder em troca da obediência e, potencialmente, da alma do praticante. Essa interpretação o alinha com a figura clássica do Diabo como tentador e adversário do homem.
No entanto, a figura de Lucifuge Rofocale também está conectada a uma classificação demonológica mais antiga, presente na obra De Operatione Dæmonum (Sobre a Operação dos Demônios), atribuída a (pseudo-)Michael Psellus. Nesse tratado, os demônios são classificados em seis categorias:
Ígneos (associados ao elemento Fogo)
Aéreos (associados ao Ar)
Aquáticos (associados à Água)
Terrestres (associados à Terra)
Subterrâneos (residem nas profundezas da terra)
Lucífugos (avessos à luz solar)
Essa classificação integra os quatro elementos aristotélicos com duas categorias adicionais relacionadas à ausência de luz: os subterrâneos e os lucífugos. Psellus destaca que, embora todos esses grupos demoníacos odeiem Deus e a humanidade, os lucífugos são especialmente perigosos e enganosos. Eles têm a capacidade de confundir e enganar o intelecto humano com fantasias e ilusões, visando a destruição espiritual.
Além disso, Psellus observa que tanto os demônios subterrâneos quanto os lucífugos poderiam penetrar nos pulmões daqueles que os encontrassem, causando sufocação e provocando doenças como epilepsia e insanidade. Esse aspecto reforça a reputação maligna desses espíritos na tradição demonológica.
Curiosamente, o nome “Lucifuge” também aparece na nomenclatura zoológica, como em Myotis lucifugus, uma espécie de morcego cujo nome faz alusão ao hábito de evitar a luz solar, estabelecendo uma ligação simbólica com o caráter oculto e noturno de Lucifuge Rofocale.
Em suma, o nome Lucifuge Rofocale carrega uma complexa simbologia de rejeição da luz, poder oculto e potencial destruição espiritual, aspectos que o tornam uma das entidades mais temidas e estudadas na literatura demonológica.
