Baal e o antigo sacrificio de crianças - Biblico
- Aurora Oliveira
- 31 de dez. de 2024
- 3 min de leitura

Os Fogos de Baal: Uma Contemplação Gótica e Ocultista de Jeremias 19:5
Em Jeremias 19:5, os ecos de uma humanidade perdida ressoam como um lamento em uma catedral desmoronada:
"E construíram os altos de Baal para queimarem os seus filhos no fogo em holocaustos a Baal, o que nunca ordenei, nem falei, nem me veio ao pensamento."
Aqui, as palavras gotejam de uma tinta sombria, como se o próprio pergaminho estivesse manchado pelas lágrimas de anjos caídos. Este versículo não é apenas uma condenação; é uma elegia ao abismo onde o profano e o divino colidem, onde os fogos do sacrifício consomem não apenas carne, mas a própria essência da inocência.
O Coração Obscuro dos Altos de Baal
No ápice dos montes sagrados, erguem-se altares de pedra e ossos, profanados por labaredas que lambem o céu com línguas famintas. Os cultos de Baal, aquele deus inclemente da fertilidade e da tempestade, exigiam mais do que orações: requeriam a transmutação do sangue em poder, um ato de oferenda tão visceral que transformava a dor em uma moeda espiritual.
Sob uma luz oculta, o sacrifício de crianças era mais do que um horror físico. Era a dança macabra do ego humano, uma tentativa desesperada de barganhar com os deuses pela colheita, pelo poder, pela eternidade. A criança, símbolo da promessa e do renascimento, era destruída para alimentar uma fome que jamais poderia ser saciada.
O Véu Esotérico
O ocultismo reconhece o fogo como um portal entre mundos, um voraz devorador de energias que transmuta o material em espiritual. Nas chamas dos altos de Baal, o prana vital das crianças era arrancado de seus corpos para alimentar uma entidade astral insaciável. O ato era uma profanação ao equilíbrio cósmico, um rasgo na tapeçaria do universo, onde o sacrifício se tornava uma aliança com o caos.
Neste teatro trágico, o sangue inocente se tornava um grito silencioso no éter, ecoando em corredores invisíveis onde entidades menores — sombras do abismo — se alimentavam. Baal, aqui, não era apenas um deus. Era um arquétipo da fome desmedida, do poder divorciado da harmonia, um reflexo distorcido dos próprios desejos humanos.
Yahweh e a Ira de uma Divindade Justa
“Nem me veio ao pensamento” — estas palavras de Yahweh carregam a gravidade de um trovão. Como um legislador cósmico, Ele se coloca em total oposição ao sacrilégio cometido. A indignação divina não nasce apenas da transgressão moral, mas do impacto espiritual: a quebra do pacto entre vida e cosmos, a violação do sagrado equilíbrio que une criação e criador.
Yahweh não é apenas o Deus que proíbe; Ele é o guardião daquilo que é puro, daquilo que transcende os impulsos humanos pela autodestruição. Ele observa com repulsa os filhos de Judá caírem nas sombras de práticas que corrompem a própria alma.
Um Lamento em Cinzas
O sacrifício a Baal é mais do que um ato; é uma poesia maldita escrita com o sangue dos inocentes. É uma balada de decadência, onde pais se tornam algozes e altares se transformam em túmulos. Em suas chamas, não há iluminação, apenas uma escuridão que rasteja para além dos montes, invadindo os recessos mais profundos da consciência humana.
Reflexão Gótica: O Espelho do Sacrifício
Cada era tem seus próprios sacrifícios. Embora não mais queimemos nossas crianças em altares de pedra, quantos de nós não as sacrificamos ao altar de nossas ambições? Quantos sonhos puros são reduzidos a cinzas diante do fogo insaciável da ganância ou da obsessão por poder?
Jeremias 19:5 é uma janela para o coração doentio da humanidade, uma pintura gótica emoldurada pela decadência espiritual. É um lembrete de que as chamas de Baal podem arder dentro de cada um de nós, sempre que cedemos à escuridão que sussurra promessas de poder em troca de nossa própria essência.
Epílogo: A Torre das Sombras
Os altos de Baal permanecem, invisíveis, como torres erguidas em nosso próprio ego. O sangue das crianças clama por justiça, mas também por reflexão. Que nossas práticas ocultistas não sejam um reflexo do que é condenado, mas um caminho para a luz — ainda que trilhado pelas sombras. Pois na escuridão reside o potencial para a transmutação, e na escolha, a verdadeira redenção.
Aurora