3 Tábus e Dogmas da Goetia
- Aurora Oliveira
- 8 de mar.
- 3 min de leitura

1 - O Poder Não Está no Sistema
Muito se discute sobre qual sistema mágico é mais eficaz, qual método é mais puro ou qual tradição detém a “verdadeira” chave do poder. Mas a verdade é simples: nenhum sistema, por si só, garante o sucesso de um ritual.
O que define a força de uma operação mágica não é o nome do caminho seguido, mas a dignidade, a autoridade e a convicção daquele que o executa.
Rituais são apenas veículos. Palavras, sigilos, gestos e ferramentas são extensões do magista, não fontes autônomas de poder. Um sistema não tem vida própria — ele só se torna eficaz nas mãos de quem tem firmeza de espírito. A evocação, a manifestação e os resultados não respondem a dogmas, mas à força de quem os conduz.
A magia não reconhece títulos vazios, nem respeita aqueles que se escondem atrás de sistemas sem terem forjado dentro de si a essência que os sustenta. O que abre os portais não é o método, mas a presença do magista. O que faz os espíritos atenderem ao chamado não é o nome do caminho seguido, mas a autoridade real de quem fala.
No fim, não importa qual tradição se siga, desde que o magista seja digno do que busca. Pois é ele, e não o sistema, que carrega o peso do que será manifestado.
No mundo tá cheio de mago salomônico com resultados controversos, outros de resultados incríveis.
No mundo tá cheio de demonolatra com resultados grandiosos e demonolatra com resultados catastróficos… e por ai vai.
2 - O Mito do Triângulo Único na Evocação
Muitos acreditam que existe apenas um tipo de triângulo de evocação legítimo, quando, na verdade, diferentes tradições mágicas desenvolveram suas próprias versões ao longo do tempo. Os símbolos, nomes e os materiais utilizados variam conforme a filosofia adotada – seja ela salomônica, luciferiana, demonólatra, satânica ou qualquer outra.
O sucesso de uma evocação não está preso a um único design de triângulo, mas sim à conexão do magista com sua prática, à solidez de sua vontade e ao domínio do processo ritualístico. O triângulo é um ponto de manifestação, uma estrutura simbólica que direciona e ancora a energia do espírito, mas sua eficácia não depende de um modelo absoluto.
Cada caminho mágico adapta esse elemento conforme sua visão e experiência, e essa diversidade não reduz a potência do trabalho espiritual. O essencial é a coerência entre o sistema utilizado e a autoridade do evocador. No fim, não é o triângulo que garante a presença do espírito, mas a força de quem o chama.
3 - O Verdadeiro Círculo Mágico
O círculo mágico, antes de ser um desenho no chão ou um espaço delimitado por gestos e símbolos, é uma externalização do próprio microcosmo do magista. Ele representa a estrutura interna daquele que opera, um reflexo da ordem que sustenta sua alma e sua prática. Quando os véus se abrem, os portais se rasgam e o espírito se manifesta, o círculo se torna a ponte entre o que está dentro e o que está além.
O verdadeiro círculo mágico não é feito de sal, carvão ou tinta, mas de convicção. Ele reside na força da fé, na certeza inabalável do magista sobre sua posição no rito. Aquele que entra em um círculo sem compreender que ele já existe dentro de si não está protegido por nada além de ilusões.
O círculo não é uma barreira contra o espírito, mas um eixo de equilíbrio que mantém o evocador em harmonia com a força que evoca. Ele se funde ao macrocosmo no momento da conexão, dissolvendo-se na vastidão do desconhecido. E quando o rito termina, é dentro do magista que ele permanece, pois um círculo desenhado pode ser apagado, mas aquele que é vivido jamais se desfaz.